Por Lucas Pordeus León – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Devido aos altos índices de mortalidade materna e infantil de indígenas na região do Médio Solimões e Afluentes, no Amazonas, a Universidade Federal do estado vem realizando a capacitação de profissionais que atendem mães indígenas. A meta é fazer com que as equipes usem a plataforma de telemonitoramento de gestantes de alto risco.
Foram 30 profissionais capacitados ao longo dessa semana no município de Tefé, localizado a 523 quilômetros de Manaus.
“A gente vem perdendo mulheres. Perdendo por uma coisa muito simples, que é a questão do pré-natal, que é a questão da prevenção”, relata a indígena tikuna Ercília Vieira, que coordena o Distrito Sanitário de Saúde Indígena (DSEI) da região, composto por 14 municípios do oeste do Amazonas.
A morte materna é o óbito de uma mulher durante ou até 42 dias após o término da gestação. Na grande maioria dos casos, a morte é evitável com um simples acompanhamento da gestante.
Pacientes
A plataforma que as profissionais aprendem a manipular reúne informações sobre o pré-natal e permite que os enfermeiros e técnicos de enfermagem do DSEI insiram, no meio digital, os dados dos pacientes que se enquadram nesse perfil de gravidez de alto risco. Além disso, a plataforma conecta as equipes de enfermagem aos médicos que residem nas cidades.
“Tecnologias digitais de informação e comunicação integram o eixo principal do projeto. Uma região como a nossa, como a Amazônia, uma extensão territorial imensa e com barreiras de acesso geográfico quase intransponíveis, esse é o melhor caminho para você chegar até essas comunidades mais distantes”, destaca Pedro Elias, que coordenou a capacitação realizada pelo Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV).
O enfermeiro João Paulo Barreto salienta que muitas vezes a equipe de enfermagem tem que fazer atendimentos sem auxílio de médicos, se deparando com gestantes de alto risco. Ele atua em um posto de saúde que fica distante sete horas de viagem do município mais próximo e atende cerca de 1,4 mil indígenas.
Para Barreto, o projeto é fundamental porque permite ter acesso a médicos. “Com esse programa, a gente pode ter um feedback com especialista para saber como lidar com essas pacientes”, acentua. O enfermeiro acrescenta que a dificuldade é acessar a internet, que é limitada a poucas horas no período noturno na escola da região.
“Os professores fornecem a senha do wi-fi para a gente utilizar. Então, nós só temos esse período da noite para ter um contato com o mundo fora da aldeia”, finaliza João Paulo.
*Com informações da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Edição: Kleber Sampaio